"Joal" in Santa Barbara

Wednesday, February 28, 2007

Bulhão Pato

Não. Não se trata de nenhum momento gastronómico. Trata-se de uma nova entrada na lista dos links. O "Mãos ao Ar" trata-se do blog com mais grandes posts por metro quadrado. E quase todos dedicados ao Esse Ele Bê. Nesta semana, o Bulhão Pato tem se debruçado nos 99 anos do Benfica. Uma série de pérolas a não perder.

E já agora vão aos archives ver posts do melhor que alguma vez foi escrito na blogosfera. A série "Merdinhas" foi excelente.

Tuesday, February 27, 2007

Isto é tão óbvio que,

espanta como não é dito mais vezes.

Acerca de um documentário passado no Channel 4:

"The film concludes that we must fight for more globalisation if we want to help the poor countries. EU-protectionism is the worst obstacle today. We spend so much on agricultural protectionism that each of our 20 million cows could fly round the world once every year. The problem is not that we in the West are trying to trick poor countries into global capitalism. The problem is we are shutting them out from it. Therefore, the anti-globalisation movement is ignorant and dangerous. Far from protecting poor people the movement is inadvertently helping to keep them poor."

Thursday, February 01, 2007

Portugal: o Vietname da Europa

Já não é preciso procurar mais a frase do ano. Ainda estávamos em Janeiro e o ministro Manuel Pinho brindou-nos com a definição do modelo económico português. Uma das vantagens dizia ele é que em Portugal os salários são mais baixos que a média europeia e têm menor pressão para aumentar.

Essa frase levanta-me algumas questões. Em primeiro lugar, como referi, define o modelo económico português. O governo, e Portugal em geral, parece que não se apercebeu que os tempos mudaram (as fronteiras estão mais abertas que nunca, o movimento de capitais, bens e pessoas é o mais livre de sempre, o que torna a política económica baseada em proteccionismos inútil) e que, surpresa, estamos dentro da União Europeia.

A União Europeia, ao contrário do que a classe política e grande parte do povo pensa, não se resume a uns tipos no norte da Europa a derramar dinheiro em cima dos pobres, com uns xico-espertos a se abotoarem com o que podem (assim ao estilo dos aviões da ONU a largar comida no Darfur). Consiste num contrato com direitos e deveres, oportunidades que se podem apanhar ou não e que não estarão disponíveis para sempre. Infelizmente muitas delas já passaram e não voltam.

Uma vez mais: nesta última década Portugal basicamente definiu-se como um pais de Terceiro Mundo.

Voltando ao modelo português. Uma vez dentro da União Europeia, esta era a oportunidade perfeita para alterar fundamentalmente o modelo económico português: passar de um modelo de baixo valor acrescentado, baseado em salários baixos, para um modelo que privilegie um maior valor acrescentado, que comporte por via disso a capacidade de suportar salários mais elevados. Sucintamente, não se pode esperar receber salários ao nível dos que se recebem na Alemanha a produzir o que se faz na Turquia.

Mais, basear-se em salários baixos nem garante nada. É perguntar ao trabalhadores na Azambuja o que eles pensam da fábrica da GM ter sido deslocada para Espanha onde os salários são mais elevados.

O "problema" com esta re-definição do modelo económico é que por um lado demora mais tempo. A capacidade de reconverter a mão de obra demora, a reconversão do modelo de ensino só teria resultados em 10/15 anos. Alterar as leis laborais, a relação do Estado com as pessoas (e das pessoas com o Estado), não seria facil, dá-se de barato, E faltou coragem para um governo arriscar as eleições se pusesse o modelo em marcha.

Regressando ao ministro Pinho. Esta frase levanta uma perguntas:

Porque é que aos Chineses vai interessar um país com salários baixos? Isso já eles têm. O que é que viriam cá fazer?

Se essa é a nossa vantagem comparativa, porque não instituir políticas que baixem ainda mais os salários? Que tal re-introduzir o trabalho infantil? Fazer escolas nas fabricas? Reduzir a escolaridade obrigatória para o sexto ano?

Ainda hoje, alguém dizia que o ministro Pinho não devia ser criticado por apenas e só dizer a verdade e caracterizar a realidade económica do país. A questão não é se ele disse a verdade ou não. A questão é que quem teria a função de implementar políticas que definam o modelo económico português, parece conformado (para não dizer satisfeito) com o modelo que gere e ajuda a manter. Do estilo: "este é o modelo que temos e é o modelo em que vamos apostar".

O drama é que não se vê saida para o novo estagio de desenvolvimento e que este está perfeitamente esgotado. Mas ninguém com responsabilidades se parece importar com isto.

Em resumo, Portugal poderia ser a Califórnia da Europa. Afinal não passaremos do Vietmane da Europa. Só se espera que alguma alma iluminada não decida apostar no turismo sexual, para recebermos também a escumalha da Europa (oops! Isso também já temos na Madeira...)

PS: Apenas mais uma questão acerca da viagem do Sócrates à China. Durante a estadia na China, o Presidente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Ministro da Energia, entre outros, estão fora da China. Foram visitar alguns países africanos (entre os quais Moçambique).

O governo português foi lá fazer o quê? Falar com quem? Sobre o quê?

Ou apenas foi fugir da campanha para o referendo?