"Joal" in Santa Barbara

Tuesday, November 28, 2006

Natal em casa

Ontem comprei a passagem de volta para Portugal. Entao a chegada fica para dia 18 de Dezembro 'a noite.

Cheguei a ver coisa mal parada, nao pelo preco ($1400 que nao e' bom, mas nao e' mau de todo), mas pelo horario. Estava tudo lotado, e a unica coisa que o tipo da agencia conseguia arranjar era um voo que chegava dia 24 as 11h00 da noite! Ficava um bocado apertado, parecia-me. E por $400 nao valia a pena...

Entretanto, estava a ver o site do Sporting e acho que sei o que vou fazer dia 20. Sporting v Benfica em juvenis na Academia de Alcochete! Olhos atentos em especial para o Diogo Amado, Diogo Rosado e Januario de Jesus. As compras de Natal ficam para dia 21!

Charlie Martins

Na passada quarta-feira fui ver o jogo do Inter de Milao contra o Sporting. Fui ver o jogo em diferido, 'as 8 da noite aqui, ja sabendo o resultado. Mas nao importava. Em primeiro lugar porque queria ver o Sporting jogar, mesmo perdendo, para poder apreciar o jogo da equipa. Em segundo, porque queria ver a entrada do Materazzi no Caneira e em ultimo lugar porque ja tinha dito que ia, por isso nao indo era uma indicacao do resultado final. Isto porque o Eduardo Raposo (que emprestou a casa) e todos os outros saberiam o resultado por via disso.

O jogo nao foi muito emocionante. A equipa parece algo gasta em termos fisicos e, no jogo, bastante curta. Parecia-me que o unico resultado positivo possivel seria o 0-0, nao porque o Sporting jogou para isso, mas porque nao tinha jogo para mais.

Mas os momento mais divertidos do jogo chegaram com a entrada em campo de Carlos Martins. Nao por nada que tivesse feito, mas pelos comentadores de servico.

O jogo foi dado na ESPN Deportes. Em espanhol, portanto. Durante o mundial ja me tinha apercebido que o nivel dos comentadores latino-americanos e' assim a puxar para o baixo (sendo o mais baixo de todos o Jose Luis Chilavert, que como bom guarda-redes a jogar com os pes tambem tem uma vozinha). Os comentadores de servico eram dois argentinos, que chamvam os jogadores argentinos todos pelas alcunhas. E decidiram chamar o bom do carlos por "Charlie Martins". E por vezes apenas "Charlie" (para os amigos, presumo). Era "Charlie" para aqui, "Charlie" para ali. Hilariante!

Por isso nao estranhem que passe a chamar o Carlos de "Charlie" a partir de agora.

Monday, November 27, 2006

Milton Friedman, Chile e Cuba

Retirado do blog "A Blasfémia". Muito bom post

"No Blogoexisto, João Pinto e Castro gastou 7 posts a explicar que o comportamento de Milton Friedman em relação ao Chile de Pinochet foi vergonhoso, baseando-se na transcrição de um artigo publicado num boletim da esquerda americana, Counterpunch.

Confesso que esta análise me faz uma alguma comichão nos neurónios. Ignora o essencial: O Chile é hoje uma democracia consolidada, o país mais rico da América Latina, já está a par da Argentina no Índice de Desenvolvimento Humano e ainda é o primeiro no Índice de Liberdade Económica. E tudo isto foi conseguido com a assinatura dos Chicago Boys.

Vergonha, escreve João Pinto e Castro.

Vergonha? Como é que alguém pode sentir vergonha em tamanho sucesso? Ao invés, imagino o profundo orgulho com que Friedman olhava para a obra dos seus alunos.

É óbvio que o Chile era uma ditadura e que o regime de Pinochet conta com cerca de 3000 vítimas no cadastro. Mas depois da perseguição sanguinária aos adversários políticos, o regime soube reformar uma economia em cacos e permitir aos chilenos a melhoria gradual do seu nível de vida. E como gente rica educa-se e gente educada não aceita ditaduras, o Chile transformou-se numa democracia, sem recurso a mais golpes de estado predadores, numa transição pacífica que deveria servir de modelo a outros ditadores latinos.

Há uma estranha dualidade de análise nestas questões. Por exemplo, ao mesmo tempo que se exige o fim do "embargo" a Cuba, cujo efeito é praticamente nulo mas, argumenta-se, prejudica principalmente a população mais pobre, critica-se a abertura que enriqueceu os chilenos e quem ajudou a esse enriquecimento. De um lado, protesta-se com quem ajudou um país que vivia em ditadura. Do outro critica-se quem não ajuda um país que vive em ditadura.Não é só em relação ao Chile que esta atitude se faz notar. Ao mesmo tempo que se crucifica o investimento estrangeiro que tem permitido a centenas de milhões de chineses abandonar uma vida nos limites da subsistência, não se notam quaisquer protestos contra os investimentos no turismo em Cuba, apesar do regime de Fidel contar um rol de vítimas bem mais extenso que o regime de Pinochet.

Lêem-se por aí mais censuras a investimentos como os da Nike e da Intel no Vietname, investimentos que permitem melhorar a vida de milhões de vietnamitas, do que reprimendas ao regime comunista que ajudou a espalhar e a manter na miséria a quase totalidade da população. O silêncio acompanhou a fase de empobrecimento, os protestos acompanham as tentativas de recuperação.

No Chile, Allende, democraticamente eleito, destruiu a economia em menos de 3 anos. Os Chicago Boys, protegidos por uma ditadura, demoraram bastante mais tempo a reconstruí-la. Hoje, o Chile tem a economia e a democracia. Podemos culpar Allende pela tragédia económica e social e obviamente, muito mais devemos criticar Pinochet pela repressão e pelos assassínios. Mas se no meio disto tudo há motivo para vibrantes aplausos, estes devem ir justamente para Milton Friedman e para os Chicago Boys."

Curtas

Já por cá não tenho passado há algum tempo, por isso uma actualização torna-se necessária.

1) Nova housemate

Como já vos tinha dito (ou não, ja não me lembro), a Sofia está em D.C.. Era suposto só lá estar durante o Verão, mas o orientador dela (que d'alas na Univ. de Maryland) insistiu que ela ficasse até Dezembro por lá. Assim a Sofia teve de arranjar uma pessoa para ocupar o quarto nestes três meses adicionais. A nova inquilina é uma alna do mestrado em gestão ambiental na Bren. Chama-se Maya Dehner. É muito simpática, mas no início ainda vi as coisas mal paradas. É que el chegou a casa uma semana antes de eu vir de Portugal e quando cheguei as coisas na cozinha estavam todas mudadas, isto é, as gavetas onde as coisas se guardavam agora tinham outras coisas. De facto, estavam melhor arrumadas, mas essa não é a questão...

A Maya tem uma história curiosa. É americana, mas cresceu no estrangeiro. Os pais davam aulas de inglês nos liceus americanos, por isso cresceu na Bolívia, India e Indonésia. Ela é budista e casou-se com um tibetano. Ela está a tratar de trazer o marido para os Estados Unidos, mas o processo é lento. Entre outras coisas, acontece que ele não tem passaporte. Isto porque não tem cidadania. Não é chines, mas a Índia, onde vive, não atribue aos refugiados tibetanos cidadania indiana. Apenas têm uma especie de cartão de identidade bastante low-tech (quando se renova o cartão, não se tira um novo, apenas se agrafa uma folha a dizer que se renovou).

2) Formigas

Começaram a aparecer formigas dentro de casa. Na cozinha e na casa de banho. Sinceramente, não percebo porquê, pois continua-se a fazer em casa tudo como de antes. Inclusive as coisas até andam um bocado mais arrumadas do que antes. Também não consigo perceber de onde entram. Andei a seguir os carreiros e não percebo.

Andei a adiar a resolução do problema porque não me apetecia mesmo nada matar as formigas (até porque elas desapareciam dias a fio só para voltarem mais tarde), mas há duas semanas cheguei ao limite. Fui comprar um spray no Rite Aid. Não foi um momento muito agradável. Depois tive de varrer as formigas fora de casa.

O problema parecia resolvido, mas hoje de manhã voltei a ver umas formigas na casa de banho...

3) Asian Power

O meu comité de tese está completo. Para além do Rajnish Mehra (indiano) são membros do jurí Cheng-Zhong Qin (chinês) e Tee Kilenthong (tailandês).

4) Farófias

O meu último triunfo culinário. Depois do sucesso que foram há alguns meses os pastéis de bacalhau e encharcada, as farófias reuniram a unanimidade no jantar de Thanksgiving em casa do Eduardo Raposo. Jantar de Thanksgiving sem perú, note-se.

5) Época desportiva

Afinal sempre houve equipa de futebol. O Eli inscreveu-nos no torneio indoor. A nossa equipa tinha uma reputação a defender, pois fomos os finalistas no quarter passado. Contudo, já não contámos com a presença do Rishi, que se mudou para outras paragens. De positivo, o regresso do Dominic, após operação ao joelho e a estreia do Jorge.

Acabamos a regular season em terceiro lugar, com três vitórias e duas derrotas. O que nos tramou foi o plantel curto (em três jogos não tinhamos suplentes). Estávamos em vantagem ao intervalo em todos os jogos (e sempre por mais do que um golo de vantagem), mas não nos adaptamos ao estilo físico dos undergrads americanos.

O meu desempenho não foi fantástico. Tenho uma lesão no ombro direito que não me permite extender totalmente o braço com rapidez, o que me limita um pouco as coisas.

Estou a pensar colocar uma providência cautelar para que só se contabilizam os resultados da primeira parte...

Wednesday, November 08, 2006

Joao Salgueiro ao "Publico"

João Salgueiro: Governo actua "na linha do peronismo" 08.11.2006 - 08h08 : Cristina Ferreira e Vítor Costa/PÚBLICO

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) diz que José Sócrates tem procurado ter a agenda mediática por sua conta e que os ataques à banca fazem parte da estratégia de atrair a opinião pública. O responsável interroga-se se o sucesso desta estratégia está nas agências de comunicação.

PÚBLICO - Como analisa as conclusões do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a banca nacional?
JOÃO SALGUEIRO - A conclusão final é encorajante. O FMI diz que a banca é um sector moderno, bem gerido e competitivo. É difícil de dizer isto de muitos sectores em Portugal. Até para bem da auto-estima dos portugueses e para relançar expectativas, que o Governo diz que está muito interessado em estimular, as conclusões deveriam ter sido desenvolvidas. Mas o que se tem criado é ocupação da agenda mediática com incidentes bastante marginais à base do problema.

Por que é que isso acontece?
É uma estratégia. Este Governo tem mostrado que dá uma grande prioridade à ocupação das agendas mediáticas. E tem procurado, através de confrontos, de anúncios de grandes projectos, de grandes programas, de grandes eventos mediáticos, ter a agenda por sua conta. E tem conseguido. Não sei se é mérito dos membros do Governo se das agências de comunicação que os assessoram. Mas tem sido bem-sucedido. Mas isto tem limites. Uma coisa é a imagem, outra a realidade.

O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes tentou criar um gabinete de comunicação para promover as acções do Governo. José Sócrates está a pôr esta estratégia em prática?
Este Governo tem-lo feito, mas agora de forma bastante mais profissional. Mas a intenção é a mesma. Isto já se tinha visto em termos de campanhas eleitorais, mas nunca em termos de governos.A banca já se manifestou disponível para colaborar com o Governo.

Em quê?
Não tem feito outra coisa. A banca já apresentou estudos indicando que a legislação fiscal não é competitiva. E o Governo já alterou alguns pontos, como o regime de dupla tributação. Mas existem outros...Existem três grandes blocos que retiram competitividade ao país, sendo um deles o IVA. Estamos a desviar negócio para Espanha e esta é, estou convencido, uma das razões porque o nosso produto está a crescer menos. Ainda por cima as pessoas têm o bónus de ter gasolina mais barata. Outro entrave é o regime do good-will. Umas das razões porque as empresas espanholas oferecem preços altos nas aquisições é porque têm um desconto fiscal, e compram o que quiserem porque nós não podemos competir. Há ainda o regime das SGPS. Por alguma razão as empresas portuguesas, mesmo as de interesse público, instalam as suas sedes fora do país. A fiscalidade não é um factor de competitividade em Portugal.

O problema é apenas a fiscalidade?
Se analisarmos componente a componente não podemos dizer que em nenhuma delas somos os mais competitivos. Não somos na questão laboral, na burocracia, na justiça, no ensino e na fiscalidade. Porque é que havemos de trazer investimento estrangeiro...só fazendo uns favores na negociação dos contratos, permitindo a quem investe não pagar impostos, ter regimes especiais. Porque o regime geral para as nossas Pequenas e Médias Empresas, que são o grosso do tecido económico, é desfavorável.

A banca só colabora dando sugestões?
A banca tem colaborado em todas as campanhas de interesse nacional. Ainda há dois anos negociámos a cobrança e o pagamento dos encargos e das pensões para a segurança social. Que, aliás, melhorou. Basta dizer que os sistemas eram incompatíveis. O sistema informático que cobrava as receitas da segurança social era incompatível com o que pagava as pensões. Isto passou a ser feito pela banca, que cobra ainda centenas de milhões de impostos para o Estado.Portanto quando o Governo fala com esta arrogância da banca é peronismo, é na linha do peronismo.

Que balanço faz da actuação do Governo?
Temos vivido estes últimos anos sentados sobre o Orçamento do Estado (OE). Ter um OE disciplinado é indispensável, mas não é suficiente. E a atenção dos portugueses há quatro anos que está fixada na redução da despesa pública. E com fracos resultados. Já se diz que são precisos mais dois. Não existe nenhum processo de ajustamento europeu que tenha sido tão longo. E isto tem custos humanos enormes e quebra as expectativas.

Como se resolve a situação?
Não é com grandes acções mediáticas. O equilíbrio das finanças públicas tem que se fazer também à base do desenvolvimento.

Como?
Tomando as medidas para desbloquear as situações. O governo tem anunciado uma série de reformas, mas há medidas que são elementares como não atrasar os pagamentos ao sector privado, que têm que pagar os seus impostos sem terem antes recebido o que lhe é devido.

O Governo procura conflitos para evitar tomar medidas essenciais?
A estratégia de conflitualidade que o governo adoptou, de provocar conflitos com várias classes sociais, é nalguns casos justificada, mas noutras é menos, porque são coisas superficiais e simbólicas. Devia estar a polarizar as pessoas para uma tarefa positiva, pondo à sua frente um objectivo de criar riqueza e não de austeridade.

Como avalia o OE?
As medidas vão no sentido certo, mas não há um sentido de urgência como devia haver. Este ajustamento arrastado que leva seis a sete anos vai corroer a base de apoio do Governo e vai levar a que muita gente que desejaria investir em Portugal não o faça. Hoje existe uma situação favorável, com uma maioria absoluta. Mas os governos quando entram em perda começam a tomar medidas que não são muito racionais. Quem vier a seguir fica numa situação desgraçada se não tiver maioria absoluta e podemos mesmo entrar em situação de colapso económico e social. Há uma urgência muito grande e este OE está no limite do aceitável. O Governo argumenta com a redução do peso da despesa no PIB...Sim, mas em termos relativos, em relação à Europa piorámos. Éramos um dos cinco que estávamos com défice excessivo e agora somos o único.

Qual é a sua sugestão?
Os milagres a seguir à guerra, da Alemanha e do Japão e mais tarde da Irlanda e da Holanda, resultaram de medidas que desbloquearam as situações. Na Alemanha foi uma coisa tão simples como adoptar uma moeda credível, o marco, e os alemães acreditaram que tinham ali um valor e começaram a trabalhar para esse valor. Noutros países foi a legislação laboral. Ora muitos investimentos poderiam ter vindo para Portugal se se tivesse criado um terceiro regime laboral mais flexível para novos projectos e não pondo em causa os regimes em vigor. Um bom exemplo é o da AutoEuropa em que a Comissão de Trabalhadores viu o que era feito nos outros países, adaptou-se e teve sucesso. Perde-se muito tempo a dizer que é preciso alterar esta legislação, mas podia avança-se para outra alternativa sem alterar a actual.Chamar a atenção dos portugueses para estes problemas de fundo era mais importante do que estar a focar a sua atenção no Orçamento ou na conflitualidade.

E considera que as medidas legislativas que têm sido propostas em relação à banca fazem parte dessa estratégia?
Esses afloramentos relativos à banca fazem parte desta estratégia de conflitualidade para atrair a opinião pública. É como se fosse um circo e a comunicação gosta. Eu tinha apostado com alguns amigos que haveria um incidente com a banca para ajudar a distrair das limitações do Orçamento do Estado.